Olhem que belo convite recebi ontem do amigo Chico Caponnaro, o cabeleireiros dos artistas!
Fui visitá-lo em seu salão na via Anchieta para fins estéticos capilares – embora ralos na fronte, estavam alvoroçados e longos na nuca – e ele me veio com essa:
— Amanhã, vamos fazer uma brincadeira lá no Mútua. Aparece por lá. Leva a chanca…
O Mútua a que ele se refere é o União Mútua, renomado clube da Vila Carioca que hoje faz uma festa porque está completando 80 anos de fundação.
Isto mesmo, meus caros, o União Mútua é mais antigo do que o São Paulo Futebol Clube – que é de 1935.
Pelo convite que recebi – e muito me honrou – desconfio que o evento é exclusiva para os “acima de 50” e terá certamente um tom nostálgico a relembrar os idos tempos da várzea paulistana.
A Velha Guarda vai falar dos antigos festivais, da rivalidade com o XI Primos, também da Vila Capocha, e das conquistas e rusgas que se viveu nos campos de terra batida – especialmente os jogos no “estádio” da rua Álvaro Fragoso.
Quem sabe alguém há de se lembrar dos bailes de carnaval que o clube promoveu em saudosos tempos…
Como esforçado boleiro que fui, enfrentei diversas vezes o Mútua, vestindo a tradicional camisa listada em preto e branco do mais do que tradicional Clube Atlético Ypiranga.
Fomos campeões em um dos torneios para veteranos que o clube promoveu.
A final foi em um domingo de chuvas torrenciais em São Paulo.
Saímos de campo enlameados até a alma, mas felizes que só.
Ao receber a taça, de metro e tanto de altura, o capitão do nosso time, o construtor Milton Bigucci, imitou o gesto eternizado por Bellini.
Como disse, estávamos felizes.
Emoção que só pode explicar quem jogou naqueles áureos tempos.
Hoje, os amigos do Mútua vão reviver um tantinho esses deliciosos momentos.
Deixo aqui meu fraterno abraço a todos.
Vou ter que declinar do convite feito pelo amigo Chiquinho. Primeiro, porque deixei de jogar futebol há um bom tempo e não me aguentaria em pé sequer por alguns débeis minutos. Depois porque não tenho mais meu incrível par de chancas Diadora que o amigo Rubão, também da Vila Capocha, me trouxe da Itália lá nos antigamente.
De qualquer forma, só a lembrança foi um presentaço.
** Foto: Anísio Assunção