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O marqueteiro (4)

Alguém aí se recorda daquelas enormes folhas de papel que serviam às primeiras impressoras da era dos computadores?

Se não me engano eram chamadas de impressoras matriciais.

As folhas eram retangulares, 60 centímetros por 40, e engatadas umas às outras para dar sequência à impressão.

Lembram delas?

Pois bem…

Era um perereco livrar-se das tais depois de usadas.

Na Velha Redação de piso assoalhado, entulhavam o porão. Até que “o homem do ferro-velho” desse um fim apropriado à papelada.

Não sei se ainda existe ferro-velho. Hoje se fala em cooperativas de recicláveis e desconfio que as próprias se encarreguem de tratar matéria do gênero e outras mais. Mas, naquele tempo, a montanha ia, do porão, para o que chamávamos de “ferro-velho” em uma carrocinha puxada por um homem de meia-idade a quem tratávamos genericamente de “o homem do ferro-velho”.

Nasci visitou o jornal exatamente em um desses dias.

A Redação começava a se informatizar – e Nasci, que era do tempo das máquinas de escrever, estranhou a movimentação.

Alguém lhe explicou o que estava acontecendo – e eis que brilhou de novo a lampadinha do Professor Pardal como era de hábito sempre que tinha uma boa ideia.

Dias depois começaram a chegar à casa do vereador Almir Guimarães toneladas daquele tipo de papel. Na lavanderia que havia no fundo do quintal, também a pedido do inesquecível amigo, montou-se uma improvisada oficina de silk screen.

Vivíamos um janeiro acalorado…

Mas, o brancaleônico staff do vereador já estava a postos para dar início à santa cruzada em prol da reeleição.

Ali, teve início à produção de cartazes que anunciavam a candidatura de Almir. Cada duas folhas daquelas geravam um cartaz. No costado em branco do papel apareciam o enunciado e o rosto do vereador – ou o contorno de suas feições – nas mais diversas cores.

(Não preciso dizer mas digo que Nasci arrematou todo o estoque da tinta apropriada que encontrou nas lojas, não importando qualidade ou tonalidade das cores.)

As leis eleitorais não eram tão eficazes.

Também não havia a Lei Cidade Limpa, do prefeito Kassab.

Para tristeza do pessoal da Chic Show e de outros tantos que trabalhavam com os chamados “pirulitos” na divulgação dos espetáculos da cidade, a dupla Nasci e Almir foi implacável.

Eles empapelaram toda a cidade, com os dizeres:

VEREADOR
ALMIR GUIMARÃES
Sempre presente

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