Três amigos saem em viagem.
Não será uma jornada tranqüila, mas querem ir.
Vamos chamá-los assim só por chamar de Felipe, Murici e Mano.
Caminham por dias e dias sob intensa névoa.
Por fim identificam a pedra que demarca o caminho.
A partir deste ponto serão dois dias de trilhas sinuosas e escorregadia.
Os amigos batem seus alforjes – e descobrem que a provisão acabou.
Resta apenas um pedaço de pão.
Basta para um, mas é pouco para três.
Decidem então o que fazer.
Aquele que tiver o mais belo sonho fica com o pão.
Dormem ao redor do fogo.
Ao amanhecer, diz Felipe:
— Sonhei que o anjo Gabriel me levava ao paraíso e, dali, pude contemplar todo o seu esplendor.
Foi a vez então de Murici falar:
— Sonhei que descia às profundezas das Trevas e, dali, pude contemplar todo o seu horror.
Sobrou Mano que não se fez de rogado:
— Sonhei que o anjo Gabriel levou Felipe ao paraíso e que Murici descia às profundezas das Trevas. Por isso, e só por isso, acordei à noite e comi o pão.