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O fim do JB

Não levei a sério quando o professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo falou que – assim como os homens, os bichos, os vegetais, a natureza, como tudo enfim… – também os jornais tinham um ciclo de vida, com começo, meio e fim.

Era jovem – e um tanto desinteressado pelo tal rigor histórico. Sequer me passava pela cabeça que os grandes jornais brasileiros poderiam desaparecer em um dia qualquer do futuro.

Desconfio que é próprio da juventude a incredulidade diante do efêmero da vida e dos amores.

Trinta e muitos anos depois, o velho jornalista se entristece neste 31 de agosto quando vê desaparecer a edição impressa de um dos mais renomados órgãos da imprensa brasileira – o Jornal do Brasil.

Ao longo deste período, foram muitos os jornais que se perderam no tempo que ele sente-se envergonhado por ter duvidado da palavra do mestre naquela longínqua manhã dos anos 70.

Para piorar o vazio que sente, ele se dá conta que, em alguns títulos, ele próprio trabalhou e fez amigos e celebrou a sacrossanta função da reportagem: Diário da Noite (onde pôs o pé, pela primeira vez, em uma redação), Shopping News/City News, Diário do Comércio e Indústria, Revista Afinal, entre outros menos cotados, como os pasquins culturais que abriam e fechavam naquela década.

Pelo caminho acompanhou e lamentou o fechamento de títulos também históricos como A Gazeta (de Cásper Líbero), Última Hora (de Samuel Wainner), A Gazeta Esportiva (o grande jornal dos esportes de São Paulo), o Diário de São Paulo (de Assis Chateaubriand), Diário Popular (o rei das bancas), Popular da Tarde (marcou época sua equipe de Esportes), o Mundo Esportivo (de Geraldo Bretas), Notícias Populares (e o realismo fantástico de Jean Mellé), Folha da Tarde (que fazia a fama de seus colunistas), Diário Carioca ( introdutor da técnica do lead), o Correio da Manhã (primeiro jornal a combater a ditadura)…

Tantos e tamanhos que seria natural enfrentar com indiferença os tais novos tempos.

Mas não é assim…

Para este senhor de ralos cabelos grisalhos e óculos na ponta do nariz, os jornais – e os grandes jornalistas que dignificam a profissão – continuam eternos.

* Aos estudantes de Jornalismo e ao público em geral, faço a postagem hoje, na seção Uns & Outros, do texto de apresentação do livro “Jornal do Brasil – Memórias de um Secretário, Pautas e Fontes”, de Alfredo Herkenhoff.

Leiam e entenderão um pouco do amargo deste dia…

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