Uma delícia no fim da noite de ontem ser surpreendido pela exibição do impecável Encontros e Desencontros em um canal de TV por assinatura.
Que belo filme!
Lembro que à época em que foi lançado (2003) alguém escreveu tratar-se de um filme de atores.
Faz sentido, mas não inteiramente.
Sofia Coppola está segura e à vontade tanto no roteiro, como na direção.
Claro que o comovente tom da narrativa fica por conta da precisa interpretação Bill Murray na pele de um ator decadente. Ele viaja para o Japão para gravar programas de TV e fazer comerciais. Por força do acaso, acaba por dividir sua solidão com Charlotte (a bela Scarlett Johansson) que está naquele país acompanhando o marido, envolvido em uma série de compromissos profissionais.
Que tolo!
Estou a bancar o crítico de cinema quando, na verdade, o que me pegou pra valer foi a delicadeza da relação que os dois constroem apesar da diferença de idade, das convenções e do choque que os personagens vivem diante de uma cultura diferente e – por que não? – diante dos próprios dilemas existenciais.
Aliás, outro Coppola – só que o pai de Sofia, Francis Ford Coppola — também me manteve cativo diante da tela da TV. Noite dessas, algum programador mais dedicado ressuscitou o contundente drama O Grande Gatsby, com Robert Redford e Mia Farrow.
Coppola-pai transformou em belíssimo roteiro o romance homônimo de F. Scott Fitzgerald.
A direção é de Jack Clayton.
O filme é de 1974, deve ter sido exibido no Brasil em 75.
Portanto, o blogueiro tinha na ocasião 24 anos e ia ao cinema duas ou três vezes por semana.
Mesmo assim, foi um filme que me deixou impressionado.
Me perturbou o desenlace da história do novo rico que é capaz de tudo pelo amor de uma dondoca da época, anos 20.
Desconfio que o motivo de meu espanto é que, então, me pareceu nada entender das mulheres.
Revê-lo tantos anos depois foi bem mais tranquilo. Me trouxe, porém, a
inequívoca certeza: continuo sem entender o que é que quer uma mulher.