Como dizíamos nos idos tempos da Várzea do Glicério, o garoto é folgado que só.
Não é Ave Maria, mas é cheio de graça.
Na noite de domingo, o cobrar um pênalti contra o Goiás, Neymar aprontou outra das suas.
Ao se encaminhar para a cobrança, olhou para o árbitro e fez um gesto com as mãos, como se pedisse arrumar a bola. No meio do caminho, enquanto o goleiro Harley distraía-se, ele mudou de ideia e chutou no canto baixo esquerdo do goleiro.
O juizão não gostou da brincadeira.
Mandou voltar a cobrança. Antes, ‘amarelou’ o craque.
Ao ver a cena ( *), lembrei do amigo Salomão, lá dos idos tempos do Clube Atlético Ypiranga e do imbatível esquadrão de futsal do Moby Dick, comandado por outro amigo de fé, o grande Rubão.
Salomão era useiro e vezeiro em aprontar dessas tanto nas partidas do campeonato interno do CAY quanto nos ‘pegas’ de futsal.
Ele fingia que estava arrumando a bola e, com a ponta da chuteira, mandava a bola longe do alcance do goleiro.
Era que bastava para começar a confusão.
Vale dizer que, diante do inusitado da cena, alguns árbitros caiam na dele e validavam o gol.
Outra do Salomão era a história de chutar o ar como faz o Valdívia, do Palmeiras.
Aliás, o amigo boleiro tinha um repertório considerável que incluía os tais ‘rolinhos’ e o drible do elástico, que Rivelino consagrou.
Eu, Rubão, Sérjão, Marquinhos, o Ninho e outros, que não tínhamos uma técnica tão apurada, longe dos olhos do criador, bancávamos a criatura e tentávamos espalhar esse gracejos em outros campos e quadras.
Claro que sem o mesmo talento.
Mas, com uma vontade danada de sermos reconhecidos como craques.
Craques como Salomão, que não decolou na carreira.
Craques como Neymar, que tenta resgatar a alegria que tanta falta faz ao futebol brasileiro.
• http://gloriososantosfc.blogspot.com/2010/11/neymar-inova-em-cobranca-de-penalti-e-e.html
** Foto no Blog: Jô Rabelo