Meus caros,
sou um cara simples do Cambuci.
Tudo o que sei é que nada sei.
Mas tenho lá minhas convicções.
Adianta pouco bater pé, bater pé, bater pé.
Pouco adianta bater na palma da mão.
No vira-virou do tempo, um dia a gente chega, no outro vai embora.
É a tal roda-viva.
Inexorável.
Antes e depois dos versos de Chico:
O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou…
Vale para a vida.
Vale para os amores.
É dura de roer quando se insere no Planeta Bola.
"O jogador de futebol morre duas vezes. Uma quando para de jogar.Outra quando parte desta para a melhor." (Paulo Roberto Falcão)
Coloco Ronaldo no panteão luminar dos craques indiscutíveis que vi jogar.
Pela ordem que entraram na ribalta, são seus pares:
Didi, Pelé, Garrincha, Ademir da Guia, Cruyff, Maradona, Falcão, Roberto Baggio.
Não há o que discutir.
Ele foi mesmo um Fenômeno, tantas e tamanhas que a vida lhe reservou.
Para o bem, para o mal.
Foi o primeiro craque do chamado futebol global; mercantilizado e midiático.
Fez tremer o mundo com seus gols de placa.
O mundo acompanhou chocado a contusão ao vivo e em cores, na Inter de Milão.
As muletas, a recuperação (a primeira de tantas), o Mundial de 2002.
O bisonho corte de cabelo, à la Cascão, a retocar a imagem de um campeão indiscutível, mas debochado que só.
A volta ao futebol brasileiro, diziam, de olho na Copa de 2010.
Quase deu…
Mas, a longa trajetória do guerreiro deixou marcas indeléveis.
Marcas que vão além da razão, além do desejo, óbvio, de continuar sendo quem sempre foi: o melhor.
Não deu para salvar o centenário do Timão, mas projetou o Corinthians em âmbito internacional, onde só o Santos de Pelé, um dia, lá atrás, navegou.
Se o cara anunciar amanhã que para com o futebol, que que há pessoal, está de bom tamanho.
A história foi escrita — e é irretocável.
Valeu, Fenômeno, primeiro e único!
Afinal, como ensinou outro poeta da canção popular, Benjor:
Subir, descer, entrar, sair
Faz parte do talento individual de cada um.