Diz o dito popular:
Se conselho fosse bom, não era dado de graça.
Cobrava-se tintim por tintim, palavra por palavra.
Alguns enriqueceriam; outros, como eu, viveriam ao Deus dará.
Isto posto, acho que me explico, mas não justifico a expectativa do amigo. Que me pede um help, talvez apostando tenha eu alguma sapiência só porque os ralos cabelos brancos denunciam meu longo tempo de estrada.
Vou lhe dizer o que penso, sem a menor convicção de que esteja certo.
Até porque, meu caro, ninguém manda nas coisas do coração.
Vamos ao que se pode, então.
II.
Lembro-me de vocês juntos, felizes.
Formavam um casal de fazer inveja.
Depois soube por terceiros (o pessoal gosta de falar) que cada qual foi para um lado.
Sinceramente, não me interessou o motivo.
Sei que é da vida, dos amores.
III.
Agora, você me diz, com olhos mareado de dúvidas, que a moça reapareceu.
Almoçaram juntos, colocaram a conversa em dia, riram.
Chegaram até a recordar os bons tempos.
Aliás, imaginaram-se os mesmos.
E, vá entender?, você jura que se sentiram próximos, e afins.
Divertiram-se
Não rolou nada além do papo gostoso.
Tanto que até projetaram um novo encontro.
IV.
Qual a dúvida, então, compadre?
“Todas”, você me responde.
Não sabe se investe ou deixa pra lá. Agora que arrumou sua vidinha de pacato cidadão não quer vê-la de ponta à cabeça.
V.
Primeiro, você não sabe qual é a dela.
E daí?
Desconfio que ela também não saiba qual é a sua.
Cinco anos (é isso?) não são cinco dias.
Certo mesmo que vocês nunca mais serão o que foram um dia.
Não se iluda.
O mesmo homem não passa duas vezes no mesmo rio.
VI.
Permita-se, amigo, certa leveza.
Que tal deixar que o tempo, senhor de todos os destinos, interceda em favor de
vocês?
Quem sabe o casal não encontra um jeito novo e bom de amar e ser feliz.
É isso…