Quando ela me olha nos olhos e sorri, não consigo desvendar a intensidade do que ela vê, pensa e sente.
Não há limites entre o tudo e o nada para os meus devaneios.
Até porque sei da vã loucura que acomete ao incauto que tenta, insolitamente, desbravar os mistérios do olhar feminino.
Normalmente é assim.
Mas, neste caso, amigo, decididamente, é mais assim ainda.
Dá para cravar e dizer que ela está ali porque quer.
Está mais do que provado, por força e circunstância, que a moça só faz o que bem entende.
Mas, como lhe disse, não é a presença física delazinha que me instiga – embora seja única, imprescindível, luminar.
O que me inspira, move e assusta são os insondáveis sonhos que movem nossos desejos que são todos – e bem podem ser apenas um. Aquele…
Sonhos que, diga-se, o sorriso legitima, envolve, cativa.
Cara, eu amo tanto essa mulher.
O que eu faço? Caso ou compro uma bicicleta?
— Sabe que eu vivo um drama parecido.
Não sabia que você também estava apaixonado.
— Não é bem esse o termo. Acontece, você sabe, que sou apaixonado por arte e cultura.
Sempre soube disso. Inclusive você deve estar animado com a Virada Paulistana.
— É exatamente este o ponto.
Não entendi o dilema, então…
— O dilema é que, por causa da Virada, vai imperar a Lei Seca em Sampa em todo o fim-de-semana. Então, não sei se fico para ver a programação anunciada ou se viajo para afogar as mágoas por perder a série de atrações. Tá vendo? Estou igualzinho a você e a essa moça que não decidem, nem saem de cima…