No embalo das minhas falas recentes – O Colunista 1, 2 e 3 — recebo outra provocação por parte de alunos de jornalismo que, desconfio que distraidamente, aqui me acompanham.
Perguntam-me se as chamadas redes sociais ocupam hoje o papel de organizador social que os jornais de bairro tão bem representaram nos idos dos anos 70 e 80 em São Paulo.
Concordo com eles que se esgotou o projeto editorial dos jornais de bairro até pelo salto de qualidade que não souberam dar as empresas mantenedoras desses semanários, na hora e no momento adequados.
A tal história do cavalo atrelado que passou, e nós – jornalistas e empresários do setor – não soubemos montar.
É bem verdade que uma série de outras questões corroborou diretamente nesta perda de espaço. A mais importante delas, ao meu ver, talvez seja o fim do vínculo afetivo e de vivência do morador para com o bairro onde mora.
Há tempos uma boa parcela da população dorme no lugar onde mora, trabalha em outro lado da cidade, compra no shopping mais badalado e se diverte nos point do momento, seja nos arredores da Serra da Cantareira, seja no baticum da Vila Madalena.
Até aí vamos juntos, rapaziada.
A partir daí, proponho uma reflexão: ainda não estou convencido que as ditas cujas redes sociais vão suprir esse vazio de informação. Twitters, face-books e afins têm outra pegada. Não se prestam aos rigores do jornalismo – apuração, respeito à verdade factual, interpretação correta dos fatos e por aí vai. Ainda são reféns do bate-boca, do achismo, do ‘perco um amigo mas não perco a piada’, da difamação pela difamação…
Aguardo cenas dos próximos capítulos para melhor entender o que acontece.
ornalismo é basicamente inquietar-se em compreender as demandas sociais. Ir às ruas, fazer reportagens, por em dúvida as certezas todas inclusive as da gente mesmo.
Para terminar, acrescento que os jornais de bairro, esses que ainda hoje se arrastam pela aí, cumpriram um belo papel no período da redemocratização do país e quando desaparecerem, creio, desparecerão sem deixar vestígios.