— Potutua…
— Potutua…
— Potutua…
Era só o que sabia dizer a criatura.
— Potutua…
— Potutua…
— Potutua…
Apareceu na praça daquela pacata cidade no interior daquele inverossímil país.
— Potutua…
— Potutua…
— Potutua…
As pessoas rodearam o estranho que não teve qualquer reação.
Mudou apenas a entonação do que repetia:
— Potutua…
— Potutua…
— Potutua…
“ET. É um extraterrestre”, disse o ufólogo de plantão.
“Deve ser um marginal foragido de outro estado. Vou me informar”, retrucou o policial.
“Vejam a expressão animalesca. Fugiu de algum zoológico”, alegrou-se o veterinário.
“Está adoentado, olhem para ele. Vai precisar de remédios”, sorriu o farmacêutico.
Nada, porém, abalava aquele ser.
O discurso era o mesmo:
— Potutua…
— Potutua…
— Potutua…
O padre, o prefeito, o juiz.
O presidente da Associação Comercial. O do Rotary, o do Lions.
A fina flor da marginália.
O dono do boteco. O padeiro.
A representante das donas de casa.
O líder comunitário.
A fofoqueira…
Todos reivindicavam para si a tutela daquela aparição.
Que só sabia dizer:
— Potutua…
— Potutua…
— Potutua…
Havia certa ingenuidade na expressão do mostrengo.
Realmente ele não era lá muito fotogênico.
Quem primeiro deu esse toque a todos foi o repórter do jornal local que também exercia a função de repórter-fotográfico.
Aliás foi ele quem primeiro ficou frente a frente com o tal, e corajosamente lhe fez as perguntas que não queriam calar:
“O senhor vem de onde?”
“Qual o seu nome?”
“O que o senhor pretende em nossa cidade?”
O estranho pareceu sincero em suas respostas.
A saber:
— Potutua…
— Potutua…
— Potutua…