Todo livro
É uma situação imaginária
O plano
Deste plenário
Se situa
Em qualquer lugar
Da realidade
Onde isto seja
possível
Decididamente este não é um tempo dado a poesias.
Por isso quando um raro poeta se vai nada parece se alterar na rotina de cada um.
Os jornais sequer mudam a organização das manchetes bombásticas.
Os locutores-noticiaristas preservam o mesmo tom, e a sobriedade de praxe.
Indiferente…
A manhã de inverno continua cinza, úmida.
E o homem comum segue ao desamparo que também lhe é comum.
Sem entender que acabara de perder o porta-voz de sonhos e sentimentos.
E eu lá preciso disso, é capaz de responder se alguém lhe perguntar sobre…
Embaralha-se entre as notícias do dia – o menino bom de bola, a explosão do caixa eletrônico, as mazelas da política, a dança dos famosos…
No íntimo, não entende, não diz, mas é inexplicável: logo se sente mais só, e triste triste, por um fio…
Quem brinca com as palavras dá sentido à nossa existência.
Poetar é isso.
Ou não…
* Para Mário Chamie – 1933/2011