Visitar amigo que está no estaleiro é sempre baixo astral, certo?
Errado.
Não quando o camarada é o repórter-fotográfico Lucas Lima momentaneamente fora de combate por causa de uma queda que teve como consequência a fratura do fêmur da perna direita.
Ele saiu ontem do hospital – e a notícia fez com uma penca de amigos fossem vê-lo hoje.
E diria que – com o perdão da lembrança daqueles chatonildos roqueiros do Sul – nenhum de nós (“camilaaaaa!!!) se arrependeu da visita.
Primeiro porque o humor do cara, mesmo de molho, está a mil.
A descrição que faz do momento do tombo é memorável.
De que altura ele capotou?
Nenhuma. Enroscou-se aos fios de um holofote que o cegou por segundos durante a cobertura dos ensaios de um balé russo.
Foi trash.
Do jeito que caiu, ficou.
Tentou mexer a perna, não conseguiu. Preferiu aquietar-se enquanto não chegava o socorro. Que, segundo a descrição do Lucas, demorou, mas veio.
Enquanto estava no chão estatelado – aliás, experiência única e inolvidável para qualquer cidadão – ele fazia um sincero exame de consciência.
Onde foi que eu errei, pensava.
Lá mesmo, depois de algumas elucubrações, chegou às considerações finais.
Foi a pauta.
Cobrir balé russo, vamos, venhamos e convenhamos, ninguém merece.
Por incrível que possa parecer – e me perdoe o amigo, se não lhe parecer de bom tom – outro motivo de alegria foi reencontrar ali a Rosana que há tempos não víamos, pois cismou de morar em Manaus a maluquete e não mais deu notícias.
Passa férias em São Paulo, soube do infortúnio do amigo e resolveu visitá-lo.
Falou de suas andanças pela Amazônia, os passeios pelos platôs Roraima e a viagem aos cafundós da Colômbia, Venezuela e Caribe.
Lembrei as cenas do filme Porto Escondido, do italiano Gabriele Salvatores.
O próprio Lucas achou ‘programa de índio’, algo parecido com fotografar balé russo.
A Jô quis defender a amiga.
Argumentou que a Rosana – mesmo com os cabelos cor de abóbora – vive uma fase ajuizada. Está até namorando sério um cara do Green Pace.
Com todo respeito a causa e ao rapaz que sequer conhecemos, mas a queridíssima Rosana continua a mesma brincalhona.
Vamos, venhamos e convenhamos.
Mas todos nós concordamos – inclusive a Mônica que chegou depois e só pegou o fim da história – não pode ser levada a sério a moça que namora um cara do Green Pace.
Depois dessa, entendemos que era hora de ir embora.
Pois quanto mais o Lucas ria, mais tremelicava perna imobilizada por uma placa de titânio.
Ficamos receosos de atrapalhar a recuperação do amigo, que será breve e tranqüila.
Força, Lucão.