Era pouco mais do que um garoto quando ouvi, pela primeira vez, todo um estádio cantar, apaixonado, o hino nacional.
Só em confrontos internacionais e oficiais – da seleção ou de clube – tocava-se o hino pátrio, inclusive executado pela banda da Polícia Militar que entrava e saía do gramado marchando, no ritmo de um dobrado.
Via de regra, era assim.
II.
Naquela noite do longínquo ano de 1968, Palmeiras e Estudiantes de La Plata realizaram a segunda partida da final da Libertadores da América.
O Pacaembu tremeu aos primeiros acordes do Ouvirandu.
Curioso é que, naqueles idos, torcedores de São Paulo, Corinthians, Santos e outros times brasileiros engrossavam o coral e as fileiras do Verdão.
Estavam na fé de que o confronto era Brasil e Argentina.
III.
O Palmeiras precisava ganhar – e ganhar bem – para forçar o terceiro jogo.
(Que, por fim, realizou-se no Chile e o Palmeiras perdeu por 1×0)
Mas, naquela noite, o encantamento era tanto que até o pai – calabrês, calado e duro na queda do sentimentalismo – cantou a plenos pulmões.
O Palestra venceu por 3 a 1. Gols de Tupãzinho (2) e Rinaldo, senão me engano.
Nunca esqueci aquela emoção.
IV.
Imagino que ontem, em Belém, milhares de garotos viveram a mesmíssima sensação.
Foi um espetáculo.
Mesmo para quem viu a cena de casa, diante da TV, pode captar a grandeza do momento.
A vitória da seleção coroou a noite.
O futebol deveria ser sempre assim – e apenas assim.