Então, os amigos mais experientes em viagens me disseram em tom de alerta:
— Não vá para Cuba nesta época do ano. Chove muito. É o período onde ocorrem os tufões… Um perigo.
E eu teimoso que só. Por hábito, susto ou vício, resolvi contrariá-los.
Quando cheguei em Havana, não havia sol. O céu estava cinzento, ameaçador.
Felizmente ficou só na ameaça.
Logo anoiteceu – e o vento balançou as tais palmeiras cantadas e decantadas nas canções locais.
Aliás, há música em todos os cantos por lá.
Acabei por me distrair com a música que vinha do hall do Hotel Nacional, onde um grupo de três moças e um rapaz salpicava de ritmos caribenhos a mente e os corações de incautos turistas como eu.
Vieram de todas as partes do Planeta – holandeses, franceses, italianos, dos países da antiga União Soviética.
Só não soube de americanos por lá.
— Alguns até que vem aqui nos conhecer. Só não há voo direto. Fazem conexão no Panamá e aqui são recebidos como outro turista qualquer.
Enquanto Javier, o garçom, fala e me serve o primeiro mojito da viagem, ensaia uns passinhos de dança ao som de um antigo sucesso de Xavier Cugat:
“Vacilón que rico vacilón
Chá chá chá que rico chá chá chá”
O ritmo é empolgante. O refrão convidativo.
As moças se destacam. Tocam, cantam e dançam.
O rapaz se garante no teclado.
Não pensei mais em tufões, furacões, ciclones, huracans…
Um belo jeito de receber boas vindas.
Aliás, só quando retornei ao Brasil fui me dar conta dos belos dias de sol, paz, mojitos e daikiris que vivi no eixo Havana/Varadero.
Uma preciosidade.
Que me lembre de tirar o fôlego, causar alvoroço, arrasar quarteirão, só mesmo o gingado da moça que tocava bongô.
Outra preciosidade.
Mas, da qual, por questões de sobrevivência conjugal, me mantive cuidadosamente à distância.
Vacilón é legal, mas só nos versos da canção.