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Brevíssimas em Cuba (3)

O senhor de pele queimada pelo sol chama a atenção pelas portentosas costeletas quase até os cantos da boca. São grisalhas e revoltas, como a cabeleira longa e em desalinho que exibe.

Se bem entendo, chama-se Onofre e, sem que eu lhe peça, me conta da prova automobilística que houve em plena avenida beira-mar, onde estamos para ver o entardecer em Havana.

Ele e todos os cubanos a chamam de Malecón.

Tem os olhos úmidos, emocionados ao narrar a tragédia.

Um dos competidores perdeu o controle do seu bólido – e avançou sobre a multidão.

Um turbilhão de gente sendo jogada para todos os lados.

Triste dia.

Morreram 12 espectadores.

O piloto foi resgatado e levado ao hospital sobre o capô de outro competidor.

Diz que sobreviveu ao grave ferimento, mas não tem certeza.

Aliás, ele próprio, no meio do tumulto, não sabe como escapou.

— Quando isto aconteceu, pergunto curioso e suspeitando da veracidade da história de Onofre.

Benze-se contrito ao lembrar o episódio, como se tivesse acontecido ontem.

E me diz, indiferente:

— Foi em 1956.

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