Já lhes falei de Sílvio César?
A essa altura do campeonato, depois de cinco anos e mais de 1500 posts, fica difícil distinguir o que disse e o que deixei de dizer.
Pelo sim, pelo não, escrevo hoje breves linhas sobre esse cantor/compositor mineiro (da pequena Raul Soares) que, em fins dos anos 50, aportou no Rio de Janeiro, onde deu início a uma das mais sólidas carreiras da MPB.
Sílvio César é autor de canções definitivas como “Pra Você”, “Minha Prece de Amor” e “Moço Velho”, esta última consagrada na voz de Roberto carlos.
Há tempos não ouvia falar de Sílvio César.
Fui revê-lo nesta madrugada, sendo entrevistado por Jô Soares, com a elegância habitual e o vozeirão de cantor romântico.
Ele está lançando um novo CD – “Sílvio César Em Boa Companhia” – que tentarei encontrar, rapidinho, nas boas casas do ramo, como se dizia em tempos idos.
Até entendo – e faço gosto – que o novo se achegue e ocupe seu espaço. Nada mais natural, e necessário. Só não consigo explicação razoável para que obras definitivas – como as de Sílvio César – saiam assim, tão drasticamente, de circulação. Não toque nas rádios, não se veja o artista na TV. Não se dê ás novas gerações a oportunidade de conhecer a delicadeza de versos como os que constam da letra de “Minha Prece de Amor”, escritos em 1970 e que ainda hoje permanecem tão atuais.
Sílvio fez questão de declamá-los durante a entrevista:
“E foi num mundo de tanta violência
e tão pouco amor, onde eu
não conheço mais meu pai,
e vejo nos olhos do meu irmão tanto medo,
e no sorriso de meu vizinho tanta desconfiança;
e no gesto de meu inimigo tanto rancor e nenhum perdão!
Foi num mundo de muitos deuses e poucas crenças,
muita ciência e pouca humildade!
Num mundo de grandes e pequenos,
fortes e fracos, ricos e pobres!
Foi num mundo como esse que te encontrei
e te amei!
E quero fazer de ti minha mulher”
No entanto, caros, não há como falar em Sílvio César e não lembrar os clássicos versos finais de “Pra você”:
“Eu nem sei bem por que terminou tudo assim/ Ah! se fosse você eu voltava pra mim”
Vida longa ao poeta, vida longa ao música, vida longa ao artista…