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Divino setentão

Meninos palmeirenses, eu vi.

Eu vi o Divino jogar.

Digo mais: vi Ademir da Guia, acreditem!, no aspirante do Bangu a enfrentar o aspirante do Palmeiras em pleno Pacaembu na preliminar do amistoso que marcou a volta de Humberto Tozzi às lides palestrinas.

Idos de 61 ou 62, se não me engano.

Era garotão. Meu pai e os amigos estavam desconfiados. Comentavam que ele viria para o Palmeiras disputar com o prata da casa Hélio Burini quem seria o sucessor do então craque do time, Chinesinho, já negociado com o futebol italiano.

– É filho daquele beque do Corinthians, o Domingos da Guia, diziam sem levar muita fé no garoto sarará que se movimentava com elegância e leveza.

16 anos, 901 jogos e 11 títulos depois, Ademir da Guia transformou-se no melhor jogador da história do Alviverde.

Transformou-se também em um dos jogadores mais injustiçados do futebol brasileiro.

Zagallo, então técnico da seleção, não gostava do seu futebol – e não o levou para a Copa de 70. Na Copa de 74, foi convocado por pressão da imprensa paulista. Jogou apenas meio tempo no jogo contra a Polônia quando o Brasil, sem chance de ser campeão, disputava o terceiro lugar.

Era, no mínimo, do mesmo nível que Gerson e Rivelino. Mas, com futebol bem superior a Paulo César Caju, Carpegiani e Dirceu que ocuparam o meio-campo da seleção nessa primeira era Zagallo.

Outra injustiça.

Ano passado, houve a reedição do clássico da literatura esportiva, Gigantes do Futebol Brasileiro, de João Máximo e Marcos de Castro. Reuniu 21 perfis dos maiorais da história do esporte no País.

Da Guia ficou de fora…

Lamentável.

Hoje é um dias especial para a nação alviverde.

O Divino completa 70 anos.

Salve, salve, eterno campeão…

Leia também: "O Divino Ferreira", de Renan Caccioli, na seção Uns e Outros.

http://www.rodolfomartino.com.br/artigo.php?id_artigo=362

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