Dois assuntos batucam em minha cabeça para tocar o blog hoje.
Nada transcendental, diga-se.
O primeiro atende às expectativas de alguns leitores, amáveis leitores.
Eles pedem que eu torne mais vezes às reminiscências da infância.
Gostam quando eu revivo aqui as peripécias de Tchinim, o moleque travesso do Cambuci dos anos 50/60.
Dizem que a última vez que ele apareceu por aqui foi em 20 de fevereiro.
Com a história do garoto que se imaginou o próprio Dominguín, o toureiro que estilhaçou o coração das musas do cinema.
II.
Tranquilizo os amigos.
Tchinim deve voltar nesta semana por ocasião do centenário do Santos Futebol Clube.
Embora palmeirense, o garoto não perdia as apresentações do alvinegro da Vila Famosa quando Pelé, Coutinho, Pepe & Cia se apresentavam no Pacaembu.
Aliás, a turma da Muniz de Souza – da qual Tchinim fazia parte – ia a todos os jogos que se realizavam nesse estádio.
Menores de 12 anos não pagavam para entrar.
Bastava apenas que estivessem acompanhados de um adulto.
Era comum chegarmos cedo ao local para encontrarmos um pai adotivo.
— Moço, posso entrar com o senhor?
III.
Lá dentro, agradecíamos a carona – até que éramos educadinhos – e logo nos reuníamos em um canto qualquer da arquibancada. De preferência, de frente para o placar da concha acústica.
E, encantados, assistíamos às memoráveis jogadas do melhor time de todos os tempos.
IV.
Só para lembrar: não havia torcidas organizadas.
No máximo, uma charanga a movimentar a turba com hits de carnaval, tipo “Periquitinho Verde” (em jogos do Palmeiras), “Mamãe Eu Quero” e “Tá Chegando a Hora”.
Todos caminhávamos juntos pela avenida Pacaembu na chegada e na saída do estádio, indiferentes de paixões clubísticas.
É certo que estávamos em outra época. Mas, esta lembrança me faz desconfiar de que era outro o mundo ( no mínimo, a cidade) em que vivíamos.
*Deixo o outro assunto para amanhã.
** Foto: Jô Rabelo
