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Tchinim e o centenário do Santos

Não ser um “vira-casaca” era ponto de honra para Tchinim e sua turma.

Ele era palmeirense. O Claudinho Zeola, também. O Betão, o Nestor e o Raul eram sãopaulinos. Simeão, Chita, Paulinho Dabaía e o resto da turma eram corintianos.

O pessoal era apaixonado por futebol.

Jogavam bola de manhã, à tarde e à noite.

No pátio da escola, na calçada da rua Muniz de Souza, em campinhos improvisados, no barrancão do Jardim da Aclimação.

Nos finais de semana, iam na carroceria de um caminhão para desafios maiores nos campos de várzea da Capital.

Formavam um time “bala-mistura”, comandados pelo João Bicudo, que nem nome tinha. Mas, que jogava com o as camisas antigas do Santos Futebol Clube do Cambuci.

E era um baita orgulho para a meninada, imaginar-se, parte da maravilhosa equipe de Pelé, Coutinho, Pepe & Cia.

II.

Aliás, jogo do Santos verdadeiro no Pacaembu era programa obrigatório para todos.

Não iam propriamente torcer; pois, como disse a vocês, era ponto de honra da rapaziada não ser um “vira-casaca”.

Iam, sim, admirar o esquadrão da Vila.

III.

Quando a partida era contra o Palmeiras, Tchinim não dormia a noite anterior. Só de imaginar como Valdemar Carabina, Aldemar e o goleiro Valdir evitariam a goleada, mais do que provável.

Corintianos e sãopaulinos não viviam sina diferente. Talvez em um nível ainda mais alarmante. Nos embates de então, Santos e Palmeiras, acreditem, eram equilibrados. Houve ano que o Santos sapecou 7 a 4 em plena Vila, pelo primeiro turno do campeonato paulista. No jogo da volta, no Parque Antártica (ô saudade!), o medo era de que o placar chegasse aos dois dígitos, Mas, nada disso, foi uma alegria só. O Palmeiras venceu de 5×1.

“Demos o troco neles, Tchinim. Com Pelé e tudo”, dizia o paI de Tchinim, ouvidos pregados ao velho rádio de válvula.

IV.

Legal mesmo era ver o Santos enfrentar os times cariocas pelo charmoso Rio-São Paulo de então.

Aí a garotada divertia-se empolgada.

“Somos paulistas acima de tudo”, diziam.

Um belíssimo álibi para gritar “gol de Pelé” sem o menor constrangimento.

V.

Soube hoje que, neste sábado, o Santos vai comemorar seu centenário promovendo uma partida da equipe principal contra um time de 100 garotos, todos apaixonados pelo Peixe. Um momento mágico. Único.

Imagine o brilho nos olhos desses meninos diante de seus ídolos!

Que iniciativa bonita…

Fiquei pensando se Tchinim e sua turma entrassem no túnel do tempo e voltassem a ser crianças. Será que estariam entre os 100 privilegiados?

Será que trocariam serem garotos naquela época por esse momento mágico?

Desconfio que não.

“Foi o melhor time de futebol que vi jogar. Espetacular, incomparável”, diz Tchinim, hoje um pacato senhor de mais de 60 anos.

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