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Coutinho, gênio da bola

Esse Coutinho é mesmo uma figuraça.

Merece ser lembrado neste momento em que o Santos Futebol Clube completa 100 anos.

Fez carreira singular, única, no futebol brasileiro.

Breve, porém marcante.

Incomparável como parceiro do Rei.

Não exageraria dizer que foi o melhor centro-avante que vi jogar.

(E olha que a lista é longa: Mazzola, Vavá, Quarentinha, César Maluco, Tostão -não era exatamente um centro-avante -, Dadá Maravilha, Careca, Romário, Ronaldo, entre os mais cotados.)

Era sutil no drible.

Ágil na antevisão do jogo, e no tocar a bola.

Magnífico dentro da aula.

Artilheiro nato. Cirúrgico.

Não chutava. Apenas tirava a bola do alcance do goleiro.

Era um Deus nos acuda para as defesas quando ele e Pelé cismavam de tabelar.

Mesmo os torcedores da equipe adversária ficavam entre o desespero e o encantamento diante das peripécias de ambos.

Desespero porque o gol do Santos era iminente.

Encantamento porque Coutinho e Pelé pareciam não ser deste Planeta.

Vivi muito essas cenas, nas arquibancadas eternas do Pacaembu.

Truques e traquejos que reacendem a memória do garoto que um dia eu fui…

Soube hoje pelos jornais que Coutinho trocou as pompas e as circunstâncias da abertura das comemorações do centenário santista por um trivial jogo de tranca com os velhos amigos e parceiros. Isso nas dependências ao lado ao salão de festas onde ocorria a solenidade.

— Não sou muito de festas, não, disse aos repórteres que o reconheceram.

Coisas de quem não está nem aí para o tom de celebridade que hoje impera e corrói a sociedade.

Coisas de Coutinho.

Uma figuraça.

Um gênio da bola, e da vida.

Salve!

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