Não, caros, não sei o que levou a apresentadora Xuxa a fazer o depoimento que fez na noite de ontem no quadro “O Que Vi Da Vida”, do Fantástico.
Não vi a cena ao vivo, nem verei nos youtubes da vida.
Chamou minha atenção, claro, a repercussão das declarações nos portais noticiosos e, sobretudo, nas rodas de conversa.
Estou quase a reformular o velho jargão.
“De médicos e loucos todos nós temos um pouco.”
Diria agora que, pelo que vejo e ouço, “de médico psiquiatra e louco etc etc.”
Enfim…
Me incluo no rol dos tais e quais.
Por isso, ouso meter minha modesta colher de pau no assunto.
Sei pouco da renomada apresentadora. Acompanho de longe o sucesso que fez – e, desconfio, ainda faz – junto à determinada e representativa parcela de público.
Não tenho dúvida em colocá-la no Olimpo dos mitos contemporâneos deste Brasilzão de Meu Deus. Ao lado de seres intangíveis como Roberto Carlos, Pelé e Ayrton Senna – curiosamente, dois dos homens que marcaram a vida da moça.
Reparem.
À distância, na insignificância de nossas vidinhas comuns, parece que essas ‘divindades’ habitam outra dimensão, onde o tapete vermelho e os privilégios lhes são rotineiros.
Conforta-nos saber que estão acima do bem e do mal.
Transferimos para eles sonhos e conquistas que não ousamos realizar.
Talvez seja este o principal motivo de nossa idolatria.
Quem não sonhou com uma vida de sucessos que se sucedem sucessivamente?
Quando o manto de chumbo da realidade os envolve – o que deve acontecer todos os dias, mais do que queremos imaginar – e os torna tão mortais e factíveis quanto qualquer um de nós, vem toda essa perplexidade.
Foi assim com Roberto (e a morte da sua mulher Maria Rita), com Pelé (o envolvimento do filho com drogas), com a trágica morte de Senna… e, perdoem-me extrapolar, agora com a confissão de Xuxa e o que passou na infância.
Primeiro, vem a perplexidade, como disse; depois caem as fichas de que estamos todos no mesmo barco e, por insondáveis razões, passamos a admirá-los ainda mais…