Os amigos discutiam.
Estar ou não estar no facebook, eis a questão.
Leandro, um tanto mais velho, era cético na avaliação.
— É coisa de quem não tem o que fazer.
Bateu o copo na mesa, deu de ombros, antes de decretar:
— Não preciso dessas modernidades para viver.
Paciente que só, Gustavo, o Guga, tentou contra-argumentar:
— Também não sou um apaixonado por essas coisas. Reconheço, porém, que fazem parte dos nossos dias, inclusive das nossas rotinas profissionais.
E completou, convicto:
— Queiramos ou não…
Leandro não se deu por vencido.
— Fui até o email e o celular. Está de bom tamanho, não?
— Não está, não – rebateu Guga, tentando dissuadi-lo, mas já levando em conta a resistência do amigo continuou:
–Lembra o fax, o tempo do fax? Pois é, foi ontem mesmo, não é? Então, quem hoje mexe com essa trapitonga?
Ele mesmo respondeu:
— Ninguém. A vida, meu caro, vai acontecer – se é que já não está acontecendo? – no face. E você aí por fora… É onde as pessoas se encontram.
Leandro apenas sacudiu a cabeça negativamente.
No embalo, Guga propôs um desafio:
— Dá um nome aí de alguém que você não vê há tempos e gostaria de rever. Vou encontra-la em segundos. Quer apostar?
Não, Leandro não quis apostar. Mas fez pior. Deixou escapar o nome da moça.
— Greice…
Arrependeu-se no segundo seguinte. Mas estava dito.
Dito e feito.
Em instantes, o rosto da moça iluminou a tela.
Guga não segurou o comentário:
— Malandro, que gata!
Fez o mais ruidoso dos silêncios. Parece que a vida naquele boteco da Vila Madalena e arredores parou para contemplar a imagem.
Guga tentou uma leve indiscrição.
— E aí, brother, vai dizer que você e ela?
Mesmo grogue com o turbilhão de imagens, lembranças e sentimentos que lhe invadiam a mente, o coração e alma, Leandro só vislumbrou uma saída:
— Ta vendo? Não falei? Esse negócio de facebook não serve pra nada mesmo. Inventei um nome – e, olhe aí, você já vem com história…
E foi assim que ele negou a mais bela verdade que conhecera.