IV.
Grandes nomes escreveram, cada qual a seu modo, a história da narração esportiva na TV brasileira. A partir de São Paulo é possível relacionar, entre outros, os pioneiros Raul Tabajara (Record) e Walter Abrahão (Tupi), o conciso Luiz Noriega (Cultura), o fanático santista Peyrão de Castro (Excelsior/Gazeta), Geraldo “lindo, lindo, lindo” José de Almeida (Globo), Fernando Solera e Alexandre Santos (ambos da Bandeirantes), Luciano do Valle e Sílvio Luiz, que começou como repórter de campo na equipe comandada por Tabajara.
Cada qual com seu estilo, deu inestimável contribuição para que a TV brasileira se distinguisse por uma linguagem própria, diversificada e de alta repercussão popular.
Galvão é o mais importante. Até pela longevidade que está no ar – e na líder de audiência.
V.
Quanto aos anunciados prováveis sucessores, ainda não os vejo com carisma suficiente para segurar o rojão.
VI.
Ao se levar em conta o que se ouve pela aí, Cléber Machado seria o substituto natural. Tanto ele quanto Luis Roberto e Milton Leite são originários do rádio. Cléber e Roberto participaram da equipe de Osmar Santos na Rádio Globo e Leite apresentava o programa “Show da Manhã” na Jovem Pan.
Aliás, muitos dos bordões – “que beleza!”, “deixa comigo” – que Leite usa nas transmissões nasceram nessa época, com a convivência com o bem-humorado repórter de campo, Wanderley Nogueira.
VII.
A transmissão esportiva apóia-se no grau de empatia que o profissional estabelece junto ao grande público. Há um predomínio da linguagem coloquial, é quase um papo entre amigos.
Galvão conquistou essa, digamos, parceria por longos anos.
Recentemente – até pela longa experiência – adotou naturalmente um tom mais discursivo, tipo “o sabe tudo”, aquele que sempre tem razão.
De certa forma, vem daí, creio, as críticas e gozações que se fazem a ele.
A campanha “Cala boca Galvão” chegou a preocupar os mentores globais. Por sorte, em uma jogada de mestre, Tiago Leifert transformou a onda em uma grande – e bem humorada – piada.