Meu caro Carêncio.
Nem sei o que lhe dizer.
Está avulso, fragilizado. Saco na lua; férias só em 2013.
Que karma, hein, compadre?
Até aí, convenhamos, é da vida.
Acostumou-se.
Agora o massacre midiático do tal Dia dos Namorados é que não está dando para aturar.
Você teme que, além das costumeiras filas às portas de determinados estabelecimentos comerciais, haverá aglomeração nos pontilhões da cidade para os solitários depressivos saltarem desta para a melhor.
Eu entendo.
Não quero ofender, não. Nem provocar.
Não vivo esse grau de desespero.
Mas, entendo.
Todos parecem felizes, menos você.
Todos felizes, e acompanhados. Com planos e projetinhos meigos para este dia 12.
Enquanto o amigo Carêncio torce para que haja trabalho, hoje, até altas horas.
Podia ser pior, repare.
Imagine-se funcionário de um restaurantezinho romântico?
Ou de um lugar mais acolhedor, se é que me entende?
Seria a tortura das torturas.
Ou seja nem tudo está perdido.
Força, meu rapaz.
Você é mais você!
Concorda?
Adianta se eu lhe disser que toda essa anunciada maratona é puro marketing?
Que o Dia dos Namorados não passa de uma data comercial?
Que há objetivos mais nobres do que amar – e ser amado?
Adianta?
Não, não adianta?
Tem certeza?
Então, meu caro, tente a tática do AA.
Viva uma hora de cada vez… Até que soem as doze badaladas da meia-noite.
Tente não pensar no que poderia ser e não é.
Dia desses a gente se encontra e o amigo Carêncio me conta a notável experiência de sobreviver avulso ao Dia dos Namorados.
Ah! Vale um lembrete.
Ano que vem tem mais – então, vá tratando de preencher o vazio desde já.
E por favor passe longe das vias expressas, avenidas e estradas; vias onde existem muitos pontilhões e passarelas e outras tantas casinhas luminosas…