No bar da pequena Hoboken, em New Jersey, havia um piano com uma máquina tipo caça-níqueis e um rolo dentro. Bastava colocar uma moeda para que todos os freqüentadores pudessem ouvir os sucessos de então.
Andávamos aí pelos idos de 1925, 1926.
E os Estados Unidos viviam o espectro da grande crise econômica que eclodiu anos depois, em 1929.
O pequeno Francis tinha dez, onze anos na ocasião. Vez ou outra, acompanhava o pai, um ex-boxeador Marty O’Brien, em uma breve parada no local. Os amigos do Velho aproveitavam para se divertir às custas do garoto.
Eles o colocavam em cima do piano, e o menino soltava a voz junto com a canção tocada pelo rolo.
“Tinha uma voz horrível, pavorosa, parecia uma sirene, altíssima”.
Ele próprio confessou, muitas décadas depois, a um de seus tantos biógrafos.
Disse mais:
“É de se admirar que tenha chegado a fazer o que fiz, tendo começado daquele jeito – e é isso que me mata.
Um dia, alguém me deu uma moeda de cinco ou dez cents depois que cantei.
É isso aí, pensei. É isso que quero para a minha vida.
Cantar é maravilhoso.
Esta foi a semente.
E eu jamais esqueci!”
* Depoimento de Frank Sinatra, na biografia “A Arte de Viver”, do jornalista Bill Zehme