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O músico e o grito

O maestro André Rieu e sua orquestra fazem uma entrada apoteótica para a vigésima quinta apresentação no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.

Umm feito, e tanto.

Ele parece feliz. Saúda a platéia paulista (paulista, sim, pois estão presentes caravanas de várias cidades do interior do Estado) e diz em portugês escorregado:

“Tenho a melhor profissão do mundo. Sou músico”.

As pessoas aplaudem.

E, durante duas horas e tanto de espetáculo, se deixam embalar em uma alegre viagem ao fascinante mundo das músicas eternas.

Faço uns cálculos aproximados. Chuto que estão no Ginásio algo em torno de duas mil pessoas. Para uma terça à noite, não tenho dúvida em dizer que está de bom tamanho.

Hoje haverá nova apresentação.

É certo que se repetirá o mesmo encantamento, a mesma festa.

Outra leva de apaixonados pela boa música, de todas as idades, vai se fazer presente.

Não há novidade no repertório.

Todas as canções que você espera – e quer – ouvir estarão ali, na partitura e no talento dos músicos e dos intérpretes.

Não vou sequer relacioná-las aqui para não quebrar a surpresa.

Saio do espetáculo com a certeza de que vivemos belos momentos.

Vejo pessoas felizes ao meu lado, comentando este ou aquele trecho que mais lhe agradou.

Além da música, o bom humor foi a tônica do show.

Orquestra e público parecem repartir as mesmas sensações.

Fico tentado, então, a fazer coro com o maestro.

Ser músico – e bem-sucedido, lógico – é a melhor profissão do mundo.

Mas, em seguida, indago aos meus botões:

— Mas, eu gosto tanto de escrever.

De imediato, lembro a lição do grande Marcão, o primeiro editor com quem trabalhei:

— Escrever é só um jeito solitário de gritar "estou vivo".

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