Há na vida simetrias inesperadas.
Cito a reflexão machadiana (em ‘Memorial de Aires’) para lembrar episódio algo recente.
Não faz muito, era o Corinthians em crise, após a histórica traulitada diante do
Tolima, que enfrentava o Palmeiras em jogo eliminatório, pelo Campeonato Paulista.
À época, o técnico Luiz Felipe Scolari quis confortar o colega de profissão, Tite. Instado pelos repórteres, em uma coletiva de Imprensa, disse não se incomodar perder o jogo caso a vitória do Palmeiras implicasse em demissão do técnico corintiano.
Lembram-se disso?
Foi a célebre partida que Tite consagrou o bordão que hoje virou um clássico do mundo da bola.
— Fala muito! Fala muito! – referindo-se a Felipão.
Pensei que domingo fosse a vez do corintiano retribuir a gentileza (ou alfinetada).
Não deu tempo.
Felipão caiu antes…
Dizem que, na reunião de ontem, foi ele próprio quem se antecipou aos dirigentes palestrinos – e pediu o boné para sair.
Será que pensou em evitar o constrangedor encontro à beira do gramado?
Ou é só viagem deste blogueiro triste que só com o seuPalmeiras?
Uma coisa é certa:
Os mustafás, os serafins, os percarmonas, os frizzos, a turma do amendoim estão mais felizes que pinto no lixo, com a saída do famoso técnico.
Tenho lá minhas dúvidas se era hora adequada para a mudança.
Se os jogadores já falhavam feio com Felipão no banco, imagine agora com o técnico interino, Narciso, que mal chegou às categorias de base do clube?
Lamentável.
Concordo mesmo com a análise do jornalista e palmeirense Antero Greco quando diz que a decadência palmeirense vem de 30 anos, com brevíssimos intervalos como no tempo em que o futebol foi gerenciado pelo pessoal da Parmalat ou mesmo na gestão de Belluzo (que, se não foi vitoriosa em campo, pelo menos projetou a Arena Palestra).
A crise do Palmeiras parte da mentalidade tacanha (e possessiva) da cúpula diretiva e, inclusive e principalmente, dos arredores.
É fundamental uma mudança de mentalidade.
O clube precisa harmonizar-se e, corajosamente, por os pés no futuro.
Não dá para só viver das glórias do passado.
Se não ocorrer essa mudança, podem chamar o Guardiola, o Mourinho…
Que as coisas vão continuar ladeira abaixo.