– E aí? Gostou de Las Vegas?
Hesitei alguns segundos antes de responder à moça que me perguntou sobre o motivo da minha ausência do blog nos últimos dias.
Minha primeira reação, só para quebrar o incômodo silêncio, foi dizer que a viagem São Paulo/Las Vegas, com conexão na Cidade do México, tanto na ida como na volta, me foi muito cansativa. Afinal, sou um senhor de idade provecta.
Ainda mais que permaneci poucos dias na cidade em que tudo acontece.
— Quando comecei a me recuperar da quebradeira da viagem e comecei a me enturmar com o ritmo da cidade, descobri que era hora de fazer as malas, e voltar – expliquei a ela, ressaltando que gostei de conhecer aquele canto do mundo, mesmo que o lugar não tenha lá grande coisa a ver comigo.
Diante da cara de paisagem da moça, achei conveniente explicar melhor.
Ou pelo menos tentar:
A cidade é uma Disneylândia para adultos. Vive intensamente 24 horas por dia, 365 dias por ano. Não faltam diversões, de todos os portes e calibres. A tal Strip é a avenida que reúne os hotéis luxuosos, onde tudo acontece e a vida pulsa ininterruptamente. De shows imperdíveis (Madonna, Elton John, David Copperfield, Cirque du Soleil, Les Bleus, entre outros) aos restaurantes sofisticados, frequentados por celebridades e afins. Das galerias de lojas de grifes famosas aos imensos cassinos que, em última análise, são a grande atração da cidade. Tem de tudo nos hotéis. Até pequenas capelas onde são realizados casamentos a toda hora, assim como se faz pão quente.
Só que para um viajante parvo como eu, este leque de opções acaba embaralhando as decisões. Fez com que, a cada escolha, eu lamentasse as outras tantas atrações que se perderam e que se mostravam tão imperdíveis quanto a que foi feita, depois de muito e muito pensar.
Neste movimento de “este sim, aquele não”, “este não, aquele sim”, nem me dei conta que os dias passaram e, logo, já é hora de voltar para o Brasil. Nem assim cessaram as indefinições e dúvidas. Se por um lado, fiquei feliz porque o dinheiro andava ralo e o cartão estava prestes a estourar; por outro, lamentei a hora de partir com tantas atrações à minha espera.
– Faz parte de qualquer viagem – ela me consolou, antes de perguntar:
– E o que você achou do Grand Canyon?
– Pois é, então… Nem me fale nisso, pois lembro logo o abismo em que se encontra minha conta no banco.