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Altemar Dutra e a promessa

Leio no obituário do jornal Bom Dia ABC que, em 9 de novembro de 1983, morria o cantor Altemar Dutra durante temporada que fazia Nova York.

Lá se vão 29 anos.

Impossível não lembrar o Nasci, guru-mor da rapaziada na velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor. Nasci dizia conhecer “assim assim” Altemar dos tempos em que trabalhou na TV Record, old times, nos anos 60. Mas era amigo de fé, irmão camarada, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, dupla de compositores responsável pelos principais sucessos do seresteiro

Embora vivêssemos tempos pós-tropicalistas e de explosão do rock tupiniquim (Rita Lee, Lulu, Blitz, entre outros) não ousávamos discutir com o nosso guru que, se provocado, não se acanharia em cantarolar, uma a uma, músicas como “O Trovador”, “Sentimental Demais”, “Que Queres Tu De Mim”, “Alguém Me Disse”, entre outras tantas e tamanhas.

No auge do entusiasmo, Nasci prometia reuni-los em São Paulo, assim que a agenda dos três batesse, para uma tour pela noite paulistana.

— Aí, sim, vocês vão saber o significado exato da palavra boemia.

Parece que essa trempa aprontou algumas, em tempos idos, pelos arredores da rua Major Sertório e afins.

Para ser sincero, não acreditávamos muito na tal promessa. Mas, confesso, ficávamos instigados pela possibilidade de conhecê-los. Lá, à nossa maneira, também éramos um bocado sentimental.

Quando soubemos da notícia da morte precoce de Altemar (ele estava com 43 anos) logo pensamos no amigo Nasci. Ele estava de folga ou não apareceu para trabalhar.

No dia seguinte, comentamos brevemente nosso espanto e tristeza. Como era de seu feitio, quando contrariado, Nasci permaneceu em silêncio, balançou a cabeça, como a dizer “é a vida”.

Nunca mais tocamos no assunto da noitada.

Vez ou outra, surpreendíamos o Nasci a assoviar, nostálgico, uma daquelas belas e inesquecíveis canções.

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