Estou me arrastando nesse domingo ensolarado.
Explico e justifico.
No mínimo, tentarei…
Sou um senhor de idade provecta – e isto nos traz certas limitações. Que, por vezes e quase sempre, nós não damos conta de atinar.
Nem sempre, é bem verdade, a gente tem ciência do que faz e do que deixa de fazer.
Eu, por exemplo, procuro explicações pata toda essa leseira.
II.
Que eu me lembre, ontem fui ao casamento do Júnior e da Renata.
Um programa mais do que família.
Tranqüilo.
III.
Depois da cerimônia religiosa, encontrei logo o salão de festa.
E, juro, que me comportei direitinho.
Conversei com amigos e pessoas que ali conheci.
Não abusei da comida.
Pacientemente, ouvi o baticum das músicas de hoje em dia.
Sequer retruquei as piadinhas que fizeram da queda do meu Palmeiras para a Segundona.
Só não desejei boa sorte aos corintianos porque aí já seria falsidade – e da grossa.
IV.
Inclusive, fiquei amigo do garçom que servia o pró-seco de fina linhagem. E, por conta e risco, não deixou minha taça vazia durante todo esse tempo.
Era um profissional muito simpático, e solicito.
Ou simpático, e muito solicito.
(Aqui a ordem dos fatores altera, sim, o produto final.)
V.
Saí desconfiado que ele era torcedor do Fluminense ou algum aprendiz de vidente. A cada tanto que servia dizia sorrindo:
— Bebe, bebe, que de amanhã vocês não passam.
VI.
Mesmo assim, achei que não deveria abusar da gentileza.
Fui embora lá pelas duas ou três da manhã.
O mundo parecia girar mais freneticamente.
Além do que, chegaram os componentes de uma escola de samba que prometeram animar ainda mais a festa até o sol raiar.
E dá-lhe trilha com os sambas da Gaviões.
O pessoal se entusiasmou.
VII.
Achei que era mais do que hora de pegar o rumo de casa.
Não tive tempo, porém, de me despedir dos noivos que estavam a rodopiar, feericamente, no meio do salão.
Ou seria o salão que rodopiava feericamente ao redor dos noivos?
Enfim…
Resolvi deixar pra lá.
Como disse acima há certas coisas que não ficam bem para um senhor da minha idade.