O Verdão oferecia cerca de cinco jogadores em troca do passe de César Sampaio. A diretoria santista relutou. Não queria perder o jovem craque por quase meia dúzia de encostados. Pior (para os palmeirenses): o São Paulo também tinha interesse (no jogador). A bola dividida estava entre a ala (santista) que preferia negociar com o tricolor e a que optava pelo Palmeiras.
O fiel da balança foi o próprio Sampaio.
Ele escolheu o Verdão.
II.
O Santos, então, colocou o preço: 500 mil dólares, além de Ranielli ou Serginho Fraldinha. Na época, ídolos do time. Outra missão impossível se estabelecia: negociar a troca com a Torcida Uniformizada do Palmeiras, a TUP. E ter a garantia de paz.
III.
O ‘milagre’ aconteceu.
A diretoria palmeirense e a torcida se uniam na busca de um bem comum: viabilizar a contratação. Havia um porém: se der o Fraldinha e não trouxer o Sampaio, o bicho vai pegar!
IV.
O São Paulo continuava querendo o craque.
Os rivais marcaram uma reunião na Baixada com os diretores do Santos.
Os palmeirenses, enquanto aguardavam o fim da negociação, tiveram a ideia: 350 mil dólares e os dois jogadores.
V.
Não houve acordo nas negociações com os tricolores.
Em um restaurante paulistano, por fim, Palmeiras e Santos se acertaram pela compra do craque.
VI.
À certa altura do jantar, o diretor dGilberto Cipullo bateu o martelo e perguntou ao garçom:
— Você pode me trazer uma máquina de escrever?
VIII.
Ali mesmo o advogado redigiu o contrato e acertou a vinda de Sampaio…
*História relatada no livrorreportagem Via Láctea – A Galáxia Alviverde, apresentado como trabalho de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo na noite de ontem, pelos autores Guilherme Cimatti, Maíra Brandão e Rafael Sicoli. O livro trata dos bastidores do ciclo de contratações que gerou o Palmeiras campeão da Era Parmalat. A banca avaliadora, formada pelos palmeirenses, André Coutinho, Jorge Tarquini e este humilde escriba, aprovou os novos jornalistas.