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Zé Carioca, o setentão

Eu estava na Revista Afinal, idos e havidos dos anos 80, quando o editor Sérgio Vaz me passou a insólita pauta: escrever sobre os 50 anos da personagem Margarida, de Walt Disney, a eterna namorada de Pato Donald.

Estranhei a princípio, mas como repórter bom não escolhe pauta (era uma das bobagens que se dizia então) fui à luta e, se não consegui entrevistar a própria Margarida, falei com a responsável pelo setor de revistas infantis da Editora Abril.

Desconfio que ficou uma matéria interessante.

Fiquei então sabendo que a danadinha seria repaginada nos conformes dos avanços e conquistas do gênero feminino da época.

Garantiram-me, ainda, que o roufenho Donald passaria por situações impensáveis para se adaptar aos novos tempos e aos caprichos da simpática patolina.

Achei divertida mudança, mas não me dei ao desfrute de acompanhas as peripécias do casal naquele tempo e mesmo depois…

Lembrei-me da história ao saber da Edição Especial que a mesma Editora Abril está lançando sobre os 70 anos de outro personagem de Disney, o papagaio malandro Zé Carioca.

Para os padrões atuais, Zé não é lá, digamos, politicamente correto.

Não sei a quantas anda o seu ibope junto à garotada ou se já entrou para o rol dos esquecidos.

A fama não é eterna, meus caros.

Sei que, nos meus tempos de moleque, o Zé Carioca era meu personagem favorito da turma do Disney.

O gibi do Zé saía a cada 15 dias – e, a pedido do meu pai, seu Osvaldo, o jornaleiro, sempre reservava o meu exemplar.

Velhos tempos, velhos dias…

Também gostava do repórter Peninha – e, me ocorre agora, que talvez tenha sido esta a inspiração para que eu seguisse tão notória profissão.

Mas, voltemos ao grande Zé Carioca.

Era por natureza um tipo faceiro; “macunaímico”, diziam os mais letrados.

Folgado que só, sempre detestou trabalhar.

Vivia de pequenos golpes e preferia uma boa rede para contemplar o que acontece na Vila Xurupita, onde vive na Cidade Maravilhosa.

De quebra, era apaixonado por Rosinha.

Num ano de tantas efemérides, com destaque para os setenta anos de Gil, Caetano, Milton, Paulinho da Viola, Mautner e Clara Nunes, acho merecido o registro do aniversário do famoso papagaio.

Mesmo que nenhum editor tenha me pautado, dou aqui meu viva à geração de 42. Antes que o ano e o mundo acabem…

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