Éramos uns sonhadores, os que habitavam a velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor naqueles idos tempos.
Romeu, o repórter-fotográfico, sonhava ter uma Harley Davidson.
Outro “lambe-lambe”, o grande Clamic, queria mesmo ter um programa de rádio, em que só tocaria sucessos.
O mestre Nasci devaneava em ser proprietário de um elegante pub, onde receberia os amigos para bebericar e flanar, de mesa em mesa, em altos papos.
O Marques, fiel à formação socialista, almejava um mundo mais justo e solidário.
Outro socialista de carteirinha, o Zé Jofre ia pelo mesmo caminho da justiça social, apesar de discordar de algumas ideias do amigo e parceiro Marques. Os bordões de Jofre eram dois. “Patrão bom nasce morto” e “Viva a Revolução”.
O contraponto quem fazia era o Waltão. Queria ser um empresário bem-sucedido, creio. Tanto que foi dono de lava-rápido, restaurante e mil outros negócios.
O Made, um apaixonado tricolor, imaginava ver o São Paulo campeão do mundo.
O Escova, o nosso Dom Juan das Quebradas do Sacomã, sonhava em conhecer a mulher da sua vida. Só que com uma peculiaridade. Queria uma mulher diferente a cada dia.
De minha parte, já pensava em viver das bobagens que escrevo e, a partir delas, viajar mundo afora… Nada mal, né?
Bem, vamos para os finalmentes.
De todos, creio que só o saudoso Made conseguiu ver o sonho realizado. Viu o São Paulo ser campeão do mundo em dois anos seguidos.
No entanto, vale fazer uma menção honrosa ao Escova que, obstinado que só, chegou bem perto do seu objetivo maior por anos a fio.