A moça me pergunta onde anda o Nicola, taxista e psicólogo, que estava escrevendo a tese sobre as mulheres que amam demais. Nicola foi personagem de inúmeras crônicas que ocuparam espaço, neste humilde blog, prestes a completar sete anos de existência.
“Era uma figura e tanto”, me diz ela, com jeitinho próprio de quem quer provocar.
Bonita, shortinhos de jeans de fazer inveja às Geisa(s) da vida, tem ar de garotinha travessa, pronta a derrubar, com seus encantos, a próxima vítima.
Seria o romântico Nicola?
Há tempos eu não o vejo, nem tenho notícia dele, tento explicar.
Ela desvia o olhar para os arredores da minha mesa de trabalho, como se nada ali a interessasse e pergunta, assim, como que nada quer:
– Ao menos, você sabe se ele já finalizou sua tese? Já é doutor?
Dou-me por satisfeito pelo “você”. Senti-me tolamente um tantinho mais próximo.
Mas, sou obrigado a reiterar que nada sei sobre o seu paradeiro.
Tento ser afável, e faço uma pretensa piadinha.
– Fez como o Belchior. Caiu no mundo…
Eu e meus delírios. A simpática não sabe quem é Belchior. Nem o rei mago, nem o cantor/compositor cearense que tanto sucesso fez entre nós – os jovens de então – nas décadas de 70 e 80.
De qualquer forma, mesmo sem entender a gracinha, ela me agradece. Levanta-se, despede-se com um sorriso, um leve meneio de cabeça e brevíssimo comentário:
“Que pena!”
•Continua amanhã…