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Em Cartagena das Índias (2)

VII.

Nosso grupo fechou – e assim que o guia chegou (o nosso), tratamos de confiar a ele a desolação da colega de profissão e, queiram ou não, também a sua deselegância. Nada a ver aquela história de número um disso, número daquilo etc.

Coisa chata.

Nosso guia concordou de pronto. E quase pediu desculpas pelas brvatas da colega de profissão.

– Somos povos irmãos. Não estamos em uma arquibancada de futebol.

VIII.

Aliás, bastou ouvir a palavra ‘futebol’ para a novata se intrometer na conversa, no mesmo tom debochado dos comentários anteriores:

– Vocês, brasileiros, adoram o esporte, não? Foram campeões do mundo. Pelé, Ronaldo, Romário… Só que hoje nós, da Colômbia, temos o Falcão (do Mônaco), ele, sim, é o número um do mundo.

IX.

Que desagradável!

A moça sequer conhece o Neymar.

No entanto, foi um guapo argentino que resolveu dar um basta naquilo tudo. Ele estava meio que disfarçado de carioca em nosso grupo, mas não se conteve:

– Peralá, minha querida, em se tratando de futebol o número um do mundo só existiu um: noss deus, Maradona. Hoje quem reina é outro patrício, Messi… E ano que vem seremos campeão do mundo em pleno Maraca, morô?

X.

Não, ninguém morou, nem deixou de morar.

A vaia foi uníssona, e ruidosa.

Só parou quando ouvimos o celular da guia colombiana (aquela) tocar: “Para bailar La Bamba…”

Alguém do outro lado da linha a informou da dura realidade.

Os chilenos a esperavam, indignados com o atraso, em outro hotel, na outra ponta da praia.

XI.

Não sou de maldizer ou de desejar mal a ninguém. Mas, juro que saiu espontaneamente minha reação:

– Bem feito!

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