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Dom Quixote e a engenhoca – 2

VI.

Minutos depois (poucos) chega, no celular do guerreiro, a mensagem da noiva.

Tão surpresa quanto o nosso Quixote:

“O quê? Como você sabe que o meu casamento é hoje?”

E o nosso herói se faz poeta – relembra um verso clássico de Belchior, o desaparecido:

– Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração.

“Você é mágico” – encanta-se a moça no whats. “Mesmo assim, muito obrigado. Sei que é sincero.”

– Sempre desejei o melhor pra você.

VII.

E o papo virtual continua, enquanto ela veste o vestido branco:

“Vai me matar de curiosidade.”

– Você sabe. Sempre fui amigo do vento. Ele me assopra boas novas e, por vezes, novas não tão boas assim.

“Já sei”, diz ela. “Foi o grilo falante”.

Ele ri como ria feliz nos bons tempos em que dividiram o caminho e a jornada.

– Não! Você está confundindo as histórias.

“Ué!”

VIII.

Ela perde a conexão por momentos. Deslumbra-se diante do espelho. A noiva – a personagem que sempre sonhou representar/viver.

É a vez do nosso herói retomar a conversa:

– Agora entendo o porquê você sumiu.

“Era preciso, né?”

– Entendo. Quando o vento soprou seu nome em meus ouvidos, percebi que havia algo.

“Você é um cavaleiro sensível. Um sonhador.”

– Depois bastou consultar o “face” do Sancho e… bingo.

“Ah, sim, o “face”.”

– Tire um selfie – e me envie. Quero vê-la de noiva.

“Louco. Melhor não. Dá azar.”

– Que bobagem. Não sou o noivo.

“Por que não quis.”

IX.

– Melhor mudar o rumo da conversa. Imagino que você toda de branco, linda,
linda…

“Obrigada!”

– Merece toda a felicidade do mundo.

“Obrigada. De verdade. Acho que agora acertei. (Risos)”

-E eu continuarei um “errante” vida afora…

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