VIII.
Rapidamente, e na sequência, disse que um velho amigo dera notícia por email.
O ex-vereador Almir Guimarães está engajado na campanha de Paulo Skaf para o governo de São Paulo e disparou convite a todos os amigos do Ipiranga e adjacências para uma reunião na sede da Distrital do Ipiranga da Associação Comercial de São Paulo.
Foi um dia desses de julho, eu estava viajando. Não pude ir.
Escova e o Poeta não receberam qualquer comunicação.
Mesmo assim, se posicionaram:
– O lobo perde o pelo…
– …Mas, não perde o vício.
(Escova começou e o Poeta concluiu a sentença.)
Skaf não será necessariamente nosso candidato, mas nem por isso deixamos de brindar a disposição de Almir para a vida pública. Tintim!
IX.
Nem bem colocamos os copos sobre o tampo da mesa, e lá estava o Poeta a anunciar uma proposta, a princípio, irrecusável.
– E se tentássemos reencontrar os amigos para um encontro em que lembraríamos os velhos tempos?
Pegos de surpresa, nem eu, nem o Escova ousamos dizer palavra.
Ele continuou:
– Sei que muitos dos nossos se foram. Mas, outros tantos estão por aí. O Almir, o Toró, o Durval, o Geraldinho, o Manoelino, o Cebola e outros mais. Seria bom revê-los, reunir o pessoal. Não acham?
X.
A sugestão ganhou momentos silenciosos de reflexão, mais ou menos nessa linha: juntar essa trempa de coroas seria uma proeza – e tanto. Há tempos perdemos contato com muitos.
Mas, pensando melhor, como seria esse reencontro – perguntei.
– No bar ou em alguma casa de repouso? – provocou o Escova sempre gozador. –
Com ou sem ambulância de plantão.
Outra questão: onde encontrá-los?
– Talvez, no facebook, insistiu Escova. – Basta procurar pelos netos dos ‘figuras.’
XI.
Rimos da nossa ingenuidade.
Os tempos são outros.
Não há como recuperar a magia daqueles dias que se transformavam em noites e tornavam a amanhecer, sem que nos déssemos conta que a vida se nos escorria pelos vãos dos dedos.
O saudoso Nasci gostava de usar essa imagem: o tempo a se esvair, implacável, contínuo.
Brindamos também em memória deste amigo.
Depois lembramos o verso de antiga canção (que vez ou outra eu cito por aqui) e creio cabe repeti-lo:
O tempo não para no porto
Não apita na curva
Não espera ninguém.