Meu amigo Valdir é um expert em Guimarães Rosa.
Quando você menos espera, em meio a uma conversa por mais árida que seja, lá vem ele com uma citação de Rosa para esclarecer e/ou apimentar a discussão.
‘Pão ou pães é questão de opiniães”.
Nessa convivência, além de reler o autor de Grande Sertão Veredas”, também me acostumei a clarear minhas ideias com um tantim da sapiência do homem.
“Tudo o que muda a vida vem quieto, no escuro”.
Aliás, um pouco de Guimarães Rosa é sempre bem-vindo em dias tensos e de altas controvérsias.
“É preciso sofrer, depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado”.
Então, tomei coragem e apresento uma adaptação furreba de alguns pensamentos que pincei dos livros e/ouvi do Valdir, além de um trecho de famosa entrevista que o Rosa deu a Pedro Bloch nos idos dos anos 60.
Entendam, amigos, que essa descarada colagem é para ler “numa horinha de descuido”, uma provocação, um toque para a reflexão.
Tomara que gostem!
É curtinha, instantânea, breve como “um coqueiro coqueirando as manobras do vermelho no branqueado do azul”.
II.
O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta, esfria,aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.
Porque passarinho que se debruça – o voo já está pronto.
Afinal, há é que ter paciência, dar tempo ao tempo, já devíamos ter aprendido, e de uma vez para sempre, que o destino tem de fazer muitos rodeios para chegar a qualquer parte.
Eu, por exemplo, não acho bonita a palavra saudade.
Pra mim é a palavra alma (é a mais bonita), mesmo graficamente.
Das palavras que enumerei naquela ocasião (em outra entrevista), só sobraram esta e alegria.
Alma é feia em qualquer idioma, menos o no nosso; anima, âme, soul… Alma, para mim, é como tinido de cristal, alegria é cacho de uva esmagado.
Porque eu só preciso de pés livres, de mãos dadas, e de olhos bem abertos.