Ainda no embalo da nossa conversa de ontem, creio ser oportuno registrar o centenário do compositor Lupicínio Rodrigues (1914/1974), outro dos grandes nomes de nossa música popular, também relegado (injustamente) ao esquecimento.
Além de raros eventos (destaque para o espetáculo de Elza Soares, que será gravado em DVD) e o lançamento de um álbum pela Universal Music (Lupicínio Rodrigues – 100 anos), não há qualquer outra referência nos chamados ‘grandes meios de comunicação’ (seja rádio, seja TV) à data (nasceu em 16 de setembro) e à obra do grande autor.
Os tais batem, rebatem, insistem no breganejo ou no pagodinho chinfrim e seus ícones da hora e da vez. Até o descolado Esquenta barulha nesse equívoco e se diz porta-voz das nossas manifestações mais genuínas. Enquanto isso, canções como “Vingança”, “Se Acaso Você Chegasse” e tantas outras permanecem distantes dos ouvidos e do consumo das novas gerações.
Posso dizer que eu e os meus contemporâneos tivemos o privilégio de conhecer o talento de Lupe ainda nos anos 70 pelo resgate de suas melodias feito por artistas como Caetano Veloso (“Felicidade”), Gal Costa (“Volta”), Paulinho da Viola (“Nervos de Aço”), Elis Regina (“Cadeira Vazia”), Zizi Possi (“Nunca”), Jamelão (“Ela Disse-me Assim”), entre outros.
Foi um alumbramento.
Talvez porque era assim que sentíamos e nos emocionávamos, mesmo que ingênua e tolamente.
As letras pungentes e suas finas melodias nos ensinavam os caminhos e descaminhos do amor. E da vida.
Creio que não interesse a esses moços, pobres moços saberem o que sei a partir do que me ensinaram os versos dolentes do gaúcho boêmio e bom de rima e de amores.
Vivemos outros tempos…
*Um adendo: o negro Lupicínio Rodrigues é o autor do hino do Grêmio.