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Eis o desafio do jornalismo hoje: inventar o próprio espaço

– Professor, é verdade que o Portal Terra vai fechar sua redação no Brasil?

(Não é bem isso, mas é quase isso.)

– Professor, o senhor está sabendo algo sobre o Estadão. Dizem que tem uns 60 gatos-pingados para tocar todo o processo de produção de conteúdo. É verdade?

(Não sei o número exato de jornalistas que continuam na lida em O Estado de S.Paulo, mas tanto lá quanto na Folha de S. Paulo os ‘passaralhos’ são frequentes. Ouso dizer que em ambas as redações o montante de profissionais de Imprensa, efetivamente contratado, não está longe disso, não.)

– Professor, o prédio da Editora Abril está às moscas. O que o senhor acha que vai acontecer com a profissão?

Meus alunos – e muitos dos meus pares, aqui, na Universidade – andam céticos quanto ao futuro da profissão, quanto ao futuro do Jornalismo propriamente dito.

Os grandes conglomerados de Comunicação balançam ao sabor das ondas revoltas da propalada crise econômica, do assédio ‘pirata’ das novas mídias sociais e, sobretudo, pelos equívocos de rota que cometeram os Senhores do Poder nessas empresas ao longo de todos esses anos.

A empáfia, talvez, seja o principal deles.

Agora, por exemplo, embarcam na canoa furada do Golpismo – aliás, como fizeram às vésperas de 64 – e imaginam que o povão não percebe a manobra.

Enfim…

Aos meus preclaros alunos, recomendo que leiam um texto antiguinho, do professor e jornalista Bernardo Kussinski. É de 2006, creio. Chama-se “Jornalismo, profissão em extinção”.

“São muitas as profissões que hoje estão desaparecendo. Cada vez mais são as máquinas e os computadores que fazem os objetos. E até planejam desenham, escrevem, programam, organizam e despacham. Tudo automático.” (Site “Carta Maior”, seção Arqueólogo do Futuro)

A partir dele, vão entender mais perfeitamente o que era a profissão e como a exercemos hoje.

De resto, para que os estudante não percam, como o poeta, “o bonde e a esperança”, digo que as redações estão em crise, mas não o verdadeiro Jornalismo que, em sua essência, prega o respeito à verdade factual, a postura crítica e a fiscalizadora.

Só acrescento que jornalismo não é entretenimento, não é CQC, não é Youtube, não é tuiter, não é face, não é blog, não é isso e não é aquilo; mas é também. Principalmente se pautar-se pela pétrea defesa do bem comum.

O grande desafio dessa moçada é inventar o próprio espaço. E ficar perto do povão…

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