No tempo da velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor, toda quinta era assim: dia de fechamento do jornal (que circulava às sextas) e eu vivia lá meu drama e aventura. Como editor, acompanhar a dança das horas (e dos prazos), olhos atentos ao fluxo das páginas, uma a uma, a caminho da rotativa. Como colunista, pinçar no noticiário da semana o assunto mais relevante para que fosse base do meu texto.
Tão aflitivo o desafio quanto bom.
“O jornalismo é uma cachaça”, dizia o Marcão, meu primeiro editor que, registre-se, gostava de ambos, sem primazias.
De alguma forma, quase trinta anos nessa rotina, quando acordo, às quintas, imagino viver um dia especial e que, mesmo com o ir-e-vir dos compromissos, tudo vai sair a contento.
E, como naquela antiga canção do Peninha (“Sonhos”, lembram?), ao fim dar o expediente, “eu serei mais feliz”.
Seremos todos, proponho eu.
Nesta quinta, tenho lá minhas razões para esta assim, digamos, mais empolgado.
O pessoal do Blog (ou seja, eu e eu e mais eu) vai lhes dar uns dias de folga. Pretende descansar um tantim, trabalhar outro punhadim em projetos que andam em atraso, viajar um bocadim e volta assim que der e puder.
Deixo, porém, um momento de reflexão de Rubem Braga, notável cronista e escritor brasileiro:
“Sou um homem quieto, o que eu gosto é ficar num banco sentado, entre moitas, calado, anoitecendo devagar, meio triste, lembrando umas coisas, umas coisas que nem valiam a pena lembrar.”
Especialmente hoje, estou me sentindo muito assim
Até a volta…