Olhem o sufoco!
Assim que soube da tragédia que foi o dia de ontem em Paris, alguns minutos depois, por força de uma chuvarada, com ventania, raios e trovões que caiu nas imediações do prédio onde moro, adivinhem o que aconteceu?
POW!!!
Isso mesmo acabou a energia elétrica.
Da janela do 19º andar, pude ver – ou melhor não ver – o quanto de breu se espalhava até a linha do horizonte. Só mais pra frente, algo distante, era possível enxergar o pontilhar das luzes dos prédios lá longe Por aqui, a escuridão só era quebrada pelo brilho fugidio dos faróis dos carros que cruzavam as ruas.
Não é a primeira vez que regiões de São Bernardo ficam às escuras nesta semana – mas, deixemos pra lá.
Percebi que a coisa era feia – e que tão cedo não teríamos rádio, TV, computador etc.
Recorri, então, ao celular. Que, por algumas horas, me tirou das trevas, mas não da angústia com o que aconteceu em Paris e, de resto, o que estamos vendo acontecer com a Humanidade.
Tenho meia-dúzia de amigos – alguns mais conhecidos do que amigos propriamente ditos – que estão na França a trabalho ou cursando alguma pós.
Fiquei ainda mais temeroso.
As notícias que a mim chegavam, via celular, eram preocupantes.
Das homes dos portais passei para o Whats na tentativa de ter alguma informação do pessoal por meio de amigos comuns, e mais hábeis que eu no manuseio desta engenhoca.
O mundo é mesmo uma aldeia – por isso, temos que redobrar nossos cuidados ele.
Logo me chegaram notícias tranquilizadoras. Estavam todos em segurança, apedar de assustados e abalados com tudo o que viram e viveram. Dois estavam no estádio, assistindo à partida entre as seleções da França e da Alemanha, ouviram os explosões, mas a dimensão da tragédia só foi constatada no caminho de volta pra casa, devidamente escoltado por viaturas policiais.
“Parecia filme de guerra” – postou um deles nas redes sociais.
Como não sou adepto das tais, fiquei sabendo do comentário via outro amigo que está aqui no Brasil. Já outro amigo o Poeta, que anda desalentado com tudo o que está ocorrendo mundo afora, preferiu me ligar para que eu lhe repassasse o que eu sabia sobre os camaradas que nos são comuns.
Disse que estavam todos bem.
– Amém, Jesus seja louvado! – retrucou o Poeta e logo me perguntou; aliás, como é de seu feitio:
– Meu caro, o que está acontecendo com o mundo? Já não sabemos quem são os nossos inimigos, seja onde for. Numa esquina de São Paulo, nas ruas de Paris. Por isso, precisamos tanto dos verdadeiros amigos.
Fiquei em silêncio, pensando em qual seria a melhor resposta. Que não pude lhe dar porque, naquele exato momento, acabou a bateria do meu celular. E também porque ainda agora eu não a tenho…