Nunca entendeu por que não foram felizes para sempre, um “happy end”, como sugerem os filmes de amor.
Amor.
Êta, mistério difícil de decifrar.
Nas rodas de amigos, próximos e ‘não tão próximos’, era comum o comentário de que haviam sido feitos um para o outro.
Aliás, não precisava nem conhecê-los para que essa impressão se firmasse como verdadeira. Bastava vê-los juntos, felizes, cúmplices, sempre grudados, para invejá-los.
Quem não quer viver um romance assim? Intenso, pleno, repleto de projetos e planos que não tinham medo de anunciar nas conversas informais.
– Vamos passar o réveillon em Noronha. Em uma pousadinha bem descolada, num chalé, longe de tudo e de todos…
Enquanto Joaquim (o Quinzinho) se desculpava por não atender ao convite dos amigos para virar o ano no Rio de Janeiro, em uma festa de arromba, num super iate, reservado para a turma, Eliana (a Aninha) sorria encantada como que a desfrutar as horas, ainda por vir, de isolamento e encantos que viveria na companhia do bem-amado.
– Uau! Sexo selvagem em um paraíso da natureza. Assim até eu…
A Paty sempre foi a desbocada do grupo. Sua observação fez todo mundo cair na risada e, de alguma forma, almejar destino e performances idênticas. Só João Paulo, o rolo de Paty, franziu a testa. Não gostou da saliência da parceira.
Minutos depois, JP confidenciou a Quinzinho que não tolerava mais as brincadeiras da ‘ficante’.
– Ela é legal, mais esses exageros me constrangem…
Tantos anos depois, Quinzinho lembrou o diálogo, o desalento do amigo e, sobretudo, como se sentiu a mais feliz da criatura. Estava apaixonado por Aninha, era correspondido, fazia planos, sonhava. E o melhor de tudo: alguém compartilhava sonhos, planos, sentimentos com ele… Aninha.
Difícil saber onde foi que tudo se perdeu.
Como o correr dos dias, a rotina, os malentendidos corrompem o melhor de nós!
Basta chegar dezembro, as pessoas se assanharem com as festividades natalinas que Quinzinho (hoje o Sr. Joaquim) estremece na base. Sente-se o próprio JP, desalentado, incomodado não sabe bem o motivo.
“Que fim levou o JP, a turma?”
Mas, não é essa a pergunta que mais o derruba.
É outra, que o deixa travado, triste que só:
“Aninha? Onde anda a Aninha?”