Em cada comunidade do Rio de Janeiro existe um som que ecoa pelas vielas: o funk. Todos os holofotes estão voltados para este ritmo que está presente há 35 anos na cidade.
O funk carioca teve muita influência da música negra americana que ajudou na criação do ritmo, das batidas , das danças e das lentes presentes no estilo musical.
Durante a década de 1970, iniciou-se a realização dos “Bailes Black” embalados no soul e no funk americanos que chegaram às cidades metropolitanas brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo. As duas cidades já apresentavam uma movimentação cultural em torno da música negra nas periferias.
Uma década antes dos primeiros passos de funk, o soul invadiu os clubes dos subúrbios cariocas: é o período das equipes de som e dos “Bailes Black”. A explosão do novo gênero ficou conhecida como a onda Black Rio e reuniu artistas como Tim Maia, Toni Tornado, Gerson King Combo, Carlos Dafé, Cassiano, a Banda Black Rio, entre outros.
As equipes de soul, como Grand Prix, Black Power e a então recém criada Furacão 200 faziam sucesso entre os jovens nos anos 70. No total, mais de 400 equipes promoviam bailes à época.
Muitos dos sucessos chamados de soul pelos DJs, os mestres de cerimônias dos bailões, na verdade já pertenciam a um novo estilo surgido nos Estados Unidos: o funk, uma nova estrutura musical rítmica e dançante, da qual o precursor foi James Brown.
Já versão brasileira do funk, apesar de usar o mesmo nome, é harmonicamente diferente do ritmo americano.
O gênero ganhou força e popularidade nos final dos 80 nas comunidades e morros do Rio de Janeiro, tendo como base e inspiração a diversidade de outras levadas vindas do Estados Unidos (como rap, o rock, o soul, e a Miami bass – subgênero do eletro, conhecido por usar a batida continuada) e da nossa música popular brasileira.
Foi a partir dessa mistura que surgiram novas batidas que logo deram origem às festas, mais tarde chamadas de “Bailes Funk”, que reuniam milhares de pessoas e se espalharam por todo o País.
*Trecho do livrorreportagem “Ostentação – A Voz da Periferia”, de autoria de Gabriela Bávaro, Roberta Rossi e Thamara Marinho, apresentado como trabalho de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo. Orientação: Profa. Marli dos Santos. Tive a honra de participar da banca e fiz apenas duas ressalvas: o livro está ótimo. As meninas apenas se esqueceram de citar a Chic Show, equipe de shows e bailes blacks que agitou São Paulo nas décadas de 70 e 80. Sei que é uma lembrança pessoal (adorava assistir aos shows de Benjor e Tim Maia que, vez ou outra, a Chic promovia no Ginásio do Palmeiras), mas, acreditem, faz todo o sentido…