Só ontem fui assistir ao filme ganhador do Oscar deste ano, Spotlight – Segredos Revelados. É quase um documentário, fiel aos fatos que retratam a investigação jornalística que denunciou uma rede de escândalos de pedofilia em Boston, envolvendo padres da Igreja Católica.
Achei o filme bom. Muito em função da minha formação em jornalismo. Outro tanto porque a repórter do filme, Rachel McAdams, que levou o prêmio de ‘melhor atriz coadjuvante’, se parece muito com a nossa Paola de Oliveira, o que por si só já é bem interessante.
Mas, acho oportuno dizer, nem todos ao meu redor, resistiram. Ouvi aqui e ali um ronronar de espectadores que dormiam, na maior, ao longo da sessão.
A enxurrada de nomes, as reuniões de pautas, os passos da apuração, mesmo que fielmente retratados, fizeram com que muita gente perdesse o fio da meada da narrativa e sucumbisse ao escurinho do cinema.
De minha parte, também houve uma (in)certa inquietação.
Primeiro: lembrei-me de que o desaparecido Jornal da Tarde foi o último órgão de imprensa a ter uma solerte equipe de repórteres especiais. Eram chamados “Os Sete Homens de Ouro”, e desenvolviam grandes reportagens que, aliás, foi a grande contribuição do JT para a história do jornalismo brasileiro.
Será que me recordo do nome de todos eles?
Vamos lá? Marcos Faerman, Júlio Moreno, Vital Bataglia, Valdir Sanches, Fernando Portela, Percival de Souza e…
Vou ficar lhes devendo o sétimo componente. Ô memória!
(Nada que o Google não resolva para vocês.)
Outra inquietação foi a de constatar tristemente a quantas anda o jornalismo brasileiro – especialmente, os jornalões, as revistas semanais, os telejornais das grandes emissoras de TV aberta e mesmo do rádio.
Todos deixaram as reportagens em segundo plano. Valem-se do material plantado pelas assessorias de comunicação, pelo jornalismo declaratório (e sem questionamentos) e sobretudo pelo tendencioso noticiário que exibem a cada dia.
Proclamam o golpe e o retrocesso…
Lamentável.