Respondo a quem me pergunta o porquê da crônica de ontem.
Inspirou-me um poema e as recordações de um tempo mais feliz. Quando o sonho era permitido, e a esperança flanava pela aí, como folhas aos ventos de outono.
II.
A poesia, caros, é a manifestação do eterno.
Somos eternos, não?
Entendo que sim, humildemente.
Tenha um filho.
Plante uma árvore.
Escreva um livro.
Até algum tempo, era praxe ouvirmos essa receita.
Quem se lembra?
Hoje em dia, creio valer – no lugar do livro impresso – algum desses amplos espaços que as redes sociais e web nos oferecem. Para o bem ou para o mal.
III.
Enfim…
Há outras formas de sermos perenes.
As histórias que vivemos – e que, de alguma forma, remetem o que éramos (o que somos) às gerações futuras.
Nosso riso, nosso mau humor.
Nosso jeitão descolado ou formal de lidar com as sinuosidades que a vida nos traz.
Quem estava ao nosso lado, a quem queríamos bem.
Algumas que se perderam pelo caminho, outras que se foram antes do combinado – pois assim é a coisa toda.
Lembranças que aparecem e desaparecem sem que haja um motivo aparente.
Delicadezas que hoje, me permitam, se perdem na lida inglória do cotidiano.
IV.
Sei que quando um apatetado cronista precisa explicar o que escreveu é porque não anda lá muito inspirado.
Mas…
convenhamos, amáveis e fiéis cinco ou seis leitores: vivemos momentos de atordoamento generalizado, de acusações mútuas. Como diria o sambista, irmão desconhece irmão seja no boteco da esquina, seja no bloc do Face.
V.
Eu, hein?
A vida é um tantinho mais.
O sonho não acabou.
Talvez a poesia nos salve…