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Ponto sem volta…

Foi por ocasião da separação de Marta e Eduardo Suplicy – lembram do auê que foi?

Então…

Por essa época eu andava frilando no Caderno de Domingo do Jornal da Tarde, fazia matérias ditas especiais de página inteira ou até páginas duplas.

Não me recordo se foi a Denise ou o Odir, editores assistentes do Caderno, mas um deles me passou a desafiadora pauta de escarafunchar esse universo dos casais que se separam após os cinqüenta, quando a vida parece embicar para o chamado ‘tempo da delicadeza’.

Gostei do tema – e lá fui eu à lida.

Falei com um punhado de gente: casais que se separaram na boa, casais que se separaram no tranco, casais que não se separaram (mas cada qual vivia sua vida), casais originais (a senhora que cuidava do ex-marido doente com permissão e ajuda do marido atual), casais comuns (que aparentavam estar tudo bem), especialistas, terapeutas e até religiosos e esotéricos desconfio que entrevistei.

Resumo da ópera: essas separações são mais comuns do que se imagina, mas não é uma coisa simples. Há perdas e ganhos de todos os lados. Por vezes (e muitas vezes), as perdas se sobrepõem aos ganhos. Não é nada tranquilo sair de uma zona de conforto para reinventar-se quando já não se tem 20 anos.

No entanto, o que captei aqui e ali é que, em muitos casos, a sensação de alívio e liberdade compensa o passo dado que, aos olhos do mundo e das convenções, pode parecer absurdo.

Outra conclusão: a coisa toda não se resolve do dia para a noite ou da noite para o dia. Levará anos e anos para que os cocos se ajeitem no balanço da carroça da existência.

(…)

Meus caros e raros e amáveis cinco ou seis leitores, resgato essa história do passado porque não tenho nada a lhes dizer sobre os dias que correm e os fatos políticos que vão definir o futuro do País.

Quer dizer, até teria…

Mas, seria mais do mesmo.

De alguma forma, basta olhar os posts anteriores para saber o que penso e o que lamento.

Chegamos a um ponto sem volta. E nenhum dos caminhos nos dá a convicção de dias melhores. Com ou sem impeachment.

Bem ao contrario…

Quem sabe daqui a duas ou três gerações, os brasileiros voltem a sonhar.

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