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Da coluna de Vladimir Saflater

Da série ‘para entender os perigos do Brasil de hoje”:

Cada época tem sua imagem. Há momentos nos quais a essência de tempos históricos determinados encontra sua figura sensível. A ditadura militar teve, por exemplo, a figuração precisa de sua barbárie bruta na foto de Vladimir Herzog enforcado em uma cela, com os joelhos dobrados quase no chão. Demonstrava-se, de forma grotesca, o descaso com qualquer princípio elementar de verossimilhança. Isto é essência mesma de um estado policial: um regime no qual você deve acreditar que alguém morreu enforcado, mesmo que sua foto demonstre exatamente o contrário.

Desde então alguns dizem que o país mudou, mas certamente não para a polícia militar. Ela continua agindo como se devêssemos acreditar que pessoas se enforcam com o joelho dobrado no chão. Não é por acaso que, segundo estudos da socióloga norte-americana Kathryn Sikkink, o Brasil é o único país na América Latina no qual tortura-se mais hoje do que na época da ditadura militar. É porque aqui a imprensa e a classe política dão carta branca para a polícia agir da maneira como convier na defesa dos interesses do seu partido. Sim, não se enganem pois a polícia tem partido. Enquanto o sr. Alexandre Frota e o coral gospel "Jesus ama Ustra e seus amigos" entoam o hino Escola sem Partido, alguém deveria começar por exigir uma Polícia sem partido.

*Trecho da coluna de Vladimir Saflater (‘A arma mais forte será a não cooperação com o governo”), publicada hoje pela Folha de S.Paulo. Saflater é professor livre-docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo

Leia íntegra:

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2016/09/1811376-a-arma-mais-forte-sera-nao-cooperacao-com-o-governo-e-nao-violencia.shtml

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