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Fim da linha para Cunha

Ops…

Como diria aquele simpático senhor, vendedor de queijo minas na praça da pacata cidade de São José do Barreiro: “quererer eu quereria”, mas não consigo me entusiasmar e comemorar a cassação do deputado Eduardo Cunha pelo contundente score (450 a favor, 10 contra e nove abstenções) que registrou o plenário da Câmara.

Para este modesto escriba, é só uma prova de como agem nossos ‘espertos’ parlamentares – incluindo aqueles que sempre estiveram ao lado de Cunha. Não há como se iludir que os tais-e-quais se fizeram imbuir da boa fé de construir um país melhor e mais justo, diante do quadro de denúncias que se apresentou.

Trataram de salvar a própria pele – e ponto e basta.

II.

Aliás se fosse ouvir o amigo Escova (que ganhou o mundo e hoje nem sei por onde anda) sobre o episódio, é certo que o velho e bom repórter me diria: se levássemos a sério o decoro parlamentar, é provável que se contaria nos dedos de uma das mãos, pouco mais, pouco menos, os deputados que teriam preservados os mandatos.

O placar, digamos, elástico só demonstra um procedimento absolutamente natural em nossas casas legislativas. O código de honra (sic) da tigrada manda catapultar para a estratosfera o vacilão que for pego em flagrante, com a boca na botija, a mão na massa, o gato na tuba.

Não há perdão.

Até os parceiros mais próximos abandonam o fulano na chamada rua da amargura.

Antes ele – e só ele – do que eu, eis a máxima.

III.

Assisti a episódios semelhantes a este, muitas vezes, pelos anos que andei tanto na Câmara Municipal de São Paulo quanto na Assembléia Legislativa. Claro que não houve o mesmo impacto midiático, nem mexiam com forças tão poderosas quanto este decisivamente parece mexer.

O salve-se quem puder, porém, era idêntico.

IV.

O caso do então prefeito Celso Pitta, em São Paulo, talvez seja um dos mais conhecidos. Todo o staff malufiano dava apoio a Pitta durante a eleição e, sobretudo, nos primeiros tempos da administração. Na medida em que os escândalos foram surgindo, até os envolvidos na tramoia foram saltando da canoa que furou e fez água até naufragar.

O próprio Maluf – que, a época das eleições, jurou que se Pitta não fosse um bom prefeito nunca mais se candidataria a cargo algum – abandonou o pupilo e disse que não disse o que disse.

V.

Termino lembrando Cazuza, o compositor:

“Brasil mostra a sua cara”.

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